Pesquisa inédita revela alto índice de inadimplência das transportadoras
De acordo com um estudo inédito e recente realizado pela Serasa Experian em junho de 2018, 56% das transportadoras de cargas que operam em todo o território brasileiro apresentam elevado risco financeiro, ou seja, elas possuem alta probabilidade de não pagarem as contas em dia nos próximos 12 meses. A paralisação dos caminhoneiros acontecida em maio deste ano, que durou 11 dias e provocou uma crise de desabastecimento em todo o país, mostrou a relevância do transporte de cargas e sua capacidade de impactar profundamente a economia brasileira.
Do total (56%) de transportadoras de cargas com alto risco financeiro, mais da metade (33,9%) inclui empresas já inadimplentes e/ou com processos de recuperação judicial e extrajudicial e falência decretada. Já 16,6% das companhias que fazem esse tipo de transporte possuem médio risco de não honrar as dívidas e 27,4% apresentam baixo risco.
Em nota, o diretor de gestão de estratégia da Serasa Experian, Mário Rodrigues, apontou que a situação financeira destas empresas é um bom indicador para entender o que pode estar por trás da crise no setor. “Por isso, é fundamental que as contratantes priorizem a análise diária dessas informações com o objetivo de evitar impactos negativos em seus negócios”.
Segundo a pesquisa, transportadoras de todos os portes apresentam alto risco de calotes, mas as micro e pequenas empresas (faturamento de até R$ 4 milhões/ano) é mais crítica, com probabilidade elevada acima da média geral (59%). Na sequência, com 55% aparecem as médias (faturamento de até R$ 50 milhões/ano) e com 38%, as grandes companhias (faturamento acima de R$ 200 milhões/ano).
“As micro e pequenas empresas representam a maioria deste segmento e infelizmente estão sempre mais suscetíveis às oscilações econômicas, por isso, merecem atenção especial, visto que são parceiros fundamentais para assegurar a vascularidade necessária para o escoamento das cargas no país”, diz Rodrigues.
O estudo evidencia a gestão dos riscos financeiros como uma prática que contribui para tomadas de decisão mais corretas e sustentáveis na hora de avaliar e contratar parceiros comerciais. “Os resultados apontaram o quanto é essencial dispor de dados que ajudem empresas que dependem do transporte de cargas a mitigar impactos que esse tipo de serviço possa gerar em seus negócios, e ao mesmo tempo promover o uso consciente do crédito para reverter vulnerabilidades e trazer aprimoramento gerencial a um setor vital para todas as cadeias produtivas do mercado”, ressalta o diretor de Gestão de Estratégia da Serasa Experian.
O estudo fez a análise de risco de crédito de uma amostra de 4.065 empresas de transporte de cargas que atendem diversos segmentos como serviços, construção civil, bens de consumo, varejo, mineração, metalurgia e agronegócio. O modelo de risco mede a probabilidade de uma empresa não fazer o pagamento de uma dívida num horizonte de 12 meses, assim como a companhia que já está em situação de inadimplência, recuperação judicial, extrajudicial ou falência decretada.
Fonte: Mundo Logística