Evento discute os efeitos do roubo de cargas no país
O roubo de cargas é uma modalidade de crime antiga, acontece desde os tempos mais remotos, mas nos últimos anos, têm atingido proporções alarmantes e preocupando toda a sociedade e autoridades. Para analisar esse crescimento, têm-se que analisar um pouco da realidade social do País, uma vez que receptações estão diretamente ligadas à crise na segurança pública.
Dados apresentados em um evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) no final de Junho mostram o impacto do roubo de cargas na economia e no varejo brasileiro. De acordo com números divulgados, 36% das empresas desistiram de empreender por motivos de assaltos ao transporte.
João Henrique Martins, do departamento de Defesa e Segurança da Fiesp relata que quase metade das empresas já tiveram suas cargas roubadas. “Enxergamos a fase da produção, distribuição de atacado e varejo. O roubo de carga está presente na etapa de produção e transporte. A produtividade das polícias aumenta, mas o problema continua por conta desse mercado que absorve esses roubos.”
Com essa prática, uma série de custos são ampliados para lidar com o problema, o que leva à deterioração do ambiente de negócios. E, para não enfrentar esse custo, algumas empresas restringem sua área de atuação, outras mudam suas matrizes, ou até mesmo fecham suas portas.
O eixo Rio-São Paulo ainda é o principal motivo de preocupação das entidades presentes no seminário. Segundo Carlos Souza, diretor do departamento de Defesa e Segurança da Fiesp, esses crimes impactam a qualidade dos negócios, fazendo com que empresas fechem as portas por medo dos custos associados.
Segundo ele, o governo federal “já acordou” e entendeu que a estratégia principal deve ser empoderar a Polícia Rodoviária Federal e discutir em conjunto a criação de políticas de combate ao roubo de carga.
Um estudo da Associação Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística, apresentado em maio de 2018, revelou que, no ano passado, foram registrados 25,9 mil roubos de carga no Brasil, com um prejuízo estimado em R$ 1,5 bilhão. De cada cinco roubos, quatro ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esses crimes resultam em altas nos custos com seguro para as empresas, o que já representa 14% do faturamento.
Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da Associação Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística (NTC&Logística), afirma que a legislação deve colocar mais prioridade no receptador de carga. É preciso inibir essa atividade, na qual desaguam os crimes. A lei precisa ser readequada e cumprida. A segunda questão estrutural é a insuficiência da estrutura de resposta ao crime. “Todo nosso esforço tem que ser no sentido de melhoria da legislação e da estrutura de resposta.”
Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), disse que a cada eleição a discussão volta aos mesmos pontos. “É preciso avançar em propostas concretas”, defendeu. Em relação à receptação, que tem estruturas criminais poderosas, é preciso fazer o combate rapidamente. Há leis contra a receptação, mas é preciso saber seus resultados – por exemplo, quantos estabelecimentos foram cassados por vender produtos roubados.
“O combate precisa ser feito dos duas frentes, a de quem rouba e a de quem compra”
Fonte: Fiesp