Consultoria aponta necessidade de se investir em logística para atender ao varejo fast-fashion brasileiro
A dependência do modal rodoviário ainda precário no Brasil para o transporte de cargas e mercadorias é um dos fatores que gera grandes gastos e aumenta consideravelmente o valor dos produtos vendidos dentro do país. E a dependência desse sistema tem sido um grande desafio para o sistema logístico com a chegada do conceito ‘fast-fashion’, popularizado há pouco tempo no Brasil e que prioriza rapidez em todos os aspectos relacionados à moda.
Por ser uma tendência muito forte no mercado varejista de moda, medidas voltadas à agilidade logística são demandadas pelo segmento, para acelerar a distribuição das peças de vestuário e atender à rapidez que o ‘fast-fashion’ vende como característica principal.
Profissionais de supply chain dizem que criar estruturas baseadas em uma cadeia de suprimentos ágil, onde o produto é criado, fabricado e distribuído em um processo otimizado para este segmento, pode ser uma das soluções para atender à velocidade do fast-fashion. Isso gera estoques mais restritos, onde o cliente acaba comprando um determinado produto que lhe chama atenção primeiro por acreditar na exclusividade dele e segundo por medo de perder a oportunidade de adquiri-lo em outro momento.
A consultoria francesa Diagma, que está se estabelecendo nessa área no Brasil afirma que a indústria da moda movimenta quase 200 bilhões no Brasil, mas pode vir a ter resultados ainda maiores se tiver investimentos em Suplly Chain e serviços.
Segundo Aurélien Jacomy, diretor da Diagma no Brasil, o abastecimento da moda segue modelos próprios e específicos. “Porém, mesmo com a chamada tendência do fast fashion, é possível se diferenciar com logística nesse setor”, diz.
Aurélien explica que investir em Supply Chain permite que as lojas sejam bem mais reabastecidas durante as coleções (primavera/verão/outono/inverno), e o que antes era limitado pelo fluxo tradicional de reposição de estoque passe a ser ditado muito mais pelo ritmo de produção e pelo ritmo de vendas. “Investir em Supply Chain é a melhor aposta para as redes de moda que desejam disponibilizar para o consumidor o produto que ele quer, ao longo de toda a coleção”, explica Aurélien.
O consultor enumera algumas medidas de Supply Chain que podem ser adotadas pelas redes de moda para melhorar o serviço ao lojista e, consequentemente, ao consumidor. “Mesmo no modelo fast fashion, a criação de um estoque otimiza a cadeia de abastecimento”, defende Aurélien, lembrando que algumas redes brasileiras famosas começaram recentemente essa transformação.
“Nossa sugestão é que as empresas de moda pensem na criação de uma política de abastecimento a partir de umas disponibilidade de estoque, para parte de sua linha de produto, com uma logística de entrega mais ágil. É necessário, porém, criar esse estoque com cuidado, e refletir sobre os processos que serão impactados pela mudança, que passam pelo fulfillment e picking no centro de distribuição, e podem afetar inclusive franqueados”, completa o executivo.
Fonte: Mundo Logística