Tecnologia de monitoramento é nova exigência de seguradoras americanas
Recentemente falamos no blog Inteligência de Riscos sobre os seguros de transportes no Brasil e como são calculados os custos das apólices. Em um cenário de risco elevado como o brasileiro, investir em seguros é indispensável para uma operação logística. No entanto, as apólices ficam mais caras a cada ano e as seguradoras fazem exigências cada vez maiores.
Uma prova disso é o que tem sido feito por seguradoras americanas: após notarem um aumento considerável de acidentes provocados por comportamentos dos motoristas, a solução encontrada foi monitoramento intensivo. A regra é: ou você nos deixa monitorar cada movimento seu, ou você pode perder sua cobertura.
Segundo levantamento da Conning Inc., empresa de gestão de investimentos, em 2016 a indústria de seguros automotivos perdeu aproximadamente 700 milhões de dólares: a cada 100 dólares recebidos em apólices, as seguradoras gastaram 112 dólares. O que motivou o prejuízo foi especialmente o aumento dos acidentes provocados por erros humanos: motoristas desatentos (usando o celular ao dirigir, por exemplo) ou motoristas cansados por fazer jornadas muito acima do tempo permitido, no caso de transportes de cargas.
Outro fator que influenciou no aumento dos acidentes foi a contratação de motoristas menos experientes por transportadoras nos anos seguintes à grave crise que atingiu os EUA em 2008. Apesar da economia com a remuneração desses profissionais, mais baratos do que aqueles com mais tempo de profissão, esses motoristas inexperientes estavam mais propensos a acidentes, o que aumentou o número de sinistros.
Procurando minimizar prejuízos provocados por acidentes, a primeira solução encontrada foi aumentar os valores das apólices: segundo seguradoras e corretores americanos entrevistados pela Conning Inc., as apólices tiveram aumentos que podem chegar a 30% ao ano, além de terem suas coberturas reduzidas. Outra solução foi dar ao cliente a opção de adoção de tecnologias de monitoramento, como câmeras em cabines de caminhões ou aplicativos que bloqueiam a utilização do celular se o veículo estiver em movimento. Ao adotar esse tipo de tecnologia, muitas vezes a seguradora renova a apólice sem um incremento tão significativo nos preços.
Uma das empresas a aderir à novidade foi a Estes Services, marca de aparelhos de ar-condicionado e aquecimento, que teve um aumento de mais de 20% em seus seguros automotivos nos últimos dois anos. Para tentar segurar um novo aumento esse ano e evitar um futuro cancelamento da apólice, a companhia instalou nos celulares de mais de 100 técnicos um programa que, ao detectar o movimento do veículo, impede o uso do aparelho para chamadas, uso de aplicativos, mensagens de texto ou e-mail.
O maior empecilho enfrentado pelas seguradoras com as exigências de monitoramento foram os empregadores, que se preocupavam com uma possível acusação de invasão de privacidade por parte dos funcionários. No entanto, quanto mais aumentavam as apólices, mais essa preocupação foi sendo deixada de lado. Um exemplo é a Beitler Trucking Inc.: segundo Quentin Beitler, presidente da empresa, eles procuravam uma tecnologia que ajudasse a reduzir suas reivindicações de seguros. Quando viu um programa de TV falando sobre câmeras de vídeo nas cabines de caminhões, instalou em 45 veículos para teste. Esse tipo de tecnologia, além de inibir comportamentos inadequados de condução, pode ajudar a esclarecer sinistros, especialmente em casos em que um motorista for acusado erroneamente. O resultado? A seguradora da Beitler Trucking reduziu a conta do seguro para incentivar o uso de tecnologias de monitoramento em toda a frota.
Será que a exigência deste tipo de monitoramento chegará ao Brasil? Independente disto, conte com nossos especialistas para um diagnóstico operacional nesta área, que pode ajudar a sua empresa na otimização de custos de seguros logísticos.
Fonte: Wall Street Journal